• [A]SPACE é uma série de reflexões. De diferentes prodígios.

    Em primeiro lugar, é um espaço físico de encontros. Entre pessoas, e entre as pessoas e a arte. O espaço físico é um canto de Alfama, num edifício que sobreviveu ao grande terramoto de 1755.

    Esta parte da cidade e o seu património são frequentemente alterados por visitantes fugazes e processos de renovação que desconsideram o importante e inerente valor cultural dos edifícios. Uma realidade não apenas de uma perspetiva estrutural, mas também de uma perspetiva socioeconómica para os residentes locais que veem o seu meio-ambiente alterado ao inexorável capricho da mudança.

    [A]SPACE está localizada num edifício atualmente a recuperar a sua glória original através de um restauro que deixará intacto o seu valor histórico. Ninguém sabe quanto tempo irá demorar, já que o edifício encerra mil segredos, sendo um deles o facto de ser a mais antiga muralha de defesa mourisca, em Lisboa, datada do ano 800, e que faz parte da estrutura atual. Durante este período, a [A]SPACE, uma galeria de arte multidisciplinar, reinará.

    Sucede ainda que enquanto que estruturas antigas, como os edifícios, são importantes estandartes da História, o mesmo não acontece com as velhas estruturas do mundo artístico. Apesar de Lisboa, uma das cidades europeias mais diversificada, ostentar um ambiente cultural vibrante, continua a ser difícil para os novos talentos mostrar publicamente o seu trabalho. O mercado de arte em Portugal tende a basear-se em quem é conhecido, mais do que no mérito de um artista.

     

    [A]SPACE é um espaço para novos prodígios, onde são exibidos os trabalhos de artistas com alto nível de originalidade e excelência (competência). Aqui, o foco é o talento, independentemente da idade, etnia, background ou preferência dos artistas. O elo comum à arte exibida na [A]SPACE, é que é produzida em Portugal.

     

    Lisboa renova-se a um ritmo nunca visto. Os extensos prazos de entrega na indústria imobiliária provocam o encerramento de quarteirões inteiros, paralisando e perturbando a vida nas ruas. Em alternativa, muitos espaços podiam ser utilizados para atividades que contribuíssem para o desenvolvimento da juventude em Lisboa, permitindo dar asas a diferentes projetos, sem a imposição de morosos e dispendiosos contratos de aluguer.

     

    A [A]SPACE, do ponto de vista comercial, não tem fins lucrativos. O proprietário do edifício – a Travessa Fresca Investimentos Lda. – disponibiliza o espaço livre de encargos para exposições e encontros, partilhando assim a sua vontade de fomentar o dinamismo na vida citadina. Os artistas que expõem ficam com a maior parte dos lucros gerados pela venda das suas obras, o que constitui o oposto das condições oferecidas pelas galerias no mercado – se e quando, na verdade, arriscam sequer a promover a exposição de novos talentos.

     

    Bem-vindo @ Arco Escuro 6