Luís Silveirinha

as seen by André Louro de Almeida.

“O que quer vir a ser ou a flora da imaginação”

Existe o que É. Algo É. Esse é o terreno dos Contemplativos e dos Filósofos. Observamos também que algo quer ser, move-se e cresce. Busca tornar-se. Florescer. O que observamos, na obra de Silveirinha - e no Universo todo - é uma massa de rizomas, moléculas inquietas, entes e texturas, líquenes musicais, hábitos, matérias pensantes e identidades em trânsito, arrastadas pela Seta do Tempo, passando por metamorfoses involuntárias sob a pressão de leis desconhecidas. Há uma força que anima. Uma força a que impele a ser.
Nos seus desenhos vejo revelada a beleza das emergências, a beleza de uma potência de Vida que procura penetrar o impossível. Um impossível que pede como condição o equilíbrio entre cristalino e orgânico. Não sei dizer.
Parecem microrganismos ou plantas, parecem musgo inteligente ou poderes fantasmáticos, que falam uma língua erudita antiga ou parecem conspirar na direção de enigmáticas formas futuras.

I miss a connection here. The first impression (A primeira impressão) of what?

A primeira impressão implica um salto em arco para o Primordial, as eras de planetas desconhecidos, o mesozoico em Alfa Centauro. Subitamente algo inverte e os entes alegram-se com uma vitalidade fresca que conhece um futuro. Depois um outro véu pode cair e o passado interplanetário e o futuro das biologias fervilhantes anulam-se e estou perante uma apresentação infinitésima do Potencial, do Grande Desconhecido, Magnum Ignotum.
São formas que irão continuar rumo a alguma apoteose do Organismo, mas há uma felicidade simples por podermos ver a sua palpitação, alternância, pendulando e contrastando, na alegria misteriosa de aparecer.
I would remove "os" to give a sense of connection with the paragraph above.

São os poemas que encontramos no chão de um parque florestal se soubermos olhar. Ou mesmo num parque dentro do coração.
E esse poder na sua obra é primeiro uma invocação para o reencantar do mundo e imediatamente a seguir, pelo menos para mim, um poder curativo. É por isso um sério revelar do potencial da existência e das possibilidades de tudo mudar de estado se soubermos acolher o Primordial. As vidas de Silveirinha são as máscaras-surpresa de uma Imensa Vida Secreta.
André Louro de Almeida. Óbidos, 17 de Marco de 2022

 

Abril 13, 2022